Matéria publicada no site www.bicycling.com em 23 de Maio de 2019
Will Ketone Esters Really Boost Your Performance?
By Danielle Zickl
Aperte o SAP! ;)
Os Ésteres de Cetona Realmente Aumentam sua Performance?
Um novo estudo mostra alguns benefícios para o endurance, mas existe um importante ponto a ser analisado.
- De acordo um novo estudo (Abril de 2019) publicado no Journal of Physiology, os suplementos de ésteres de cetona podem melhorar a performance no ciclismo e a recuperação.
- Os participantes do estudo que beberam o suplemento de éster de cetona após o treino e antes de dormir tiveram uma melhora de 15 porcento na endurance comparados aos participantes que não beberam o suplemento.
- No entanto, o quão benéfico o suplemento é depende da carga de treinamento.
Como atletas, estamos sempre aumentando os treinos e o esforço necessário para melhorar nossa performance. Isso significa o óbvio: avaliar a nutrição e nos dedicar a um plano de treinamento adequado.
Os atletas estão sempre interessados em como os suplementos, bem, suplementam essa base. A cafeína, por exemplo, é bem estabelecida e foi provado que ajuda na melhora da performance. Mas e o que dizer sobre outros suplementos não tão bem estabelecidos?
Veja, por exemplo, os ésteres de cetona, uma bebida composta de mistura de compostos de cetona e álcool. Você já deve ter ouvido falar de cetonas no contexto da dieta cetogênica. Cetonas são moléculas que seu corpo produz quando ele “quebra” gorduras para produção de energia numa situação em que não há carboidratos suficientes. Mas os ésteres de cetona são exógenos, ou seja, feitos fora do seu corpo. Eles aumentam seus níveis de cetona endógenos como a dieta cetogênica faz, sem que você tenha que limitar seu consumo de carboidrato.
E então, as cetonas podem realmente melhorar sua performance? De acordo com esse novo estudo (Abril de 2019) publicado no Journal of Physiology, existe uma possibilidade de que elas podem, sim.
Os pesquisadores investigaram 18 indivíduos – homens que eram previamente ativos – que participaram em um programa de treinamento intenso de ciclismo que durou três semanas (duas vezes por dia, seis vezes por semana). Esse programa de treinamento foi desenhado com o objetivo de que os atletas atingissem um estado não funcional de overreaching (ultrapassariam seus limites), ou seja, quando o indivíduo não consegue mais ter uma boa performance devido ao excesso de treino. Basicamente, os indivíduos treinavam até o ponto de overtraining.
O programa de treinamento incluía o seguinte:
- 60 a 150 minutos de sessões de ciclismo de “endurance”.
- Sessões de HIIT em que os participantes faziam 30 segundos de sprint a 100 rotações por minuto (com um período de recuperação de 4 min e 30 seg entre os sprints). O número de sprits por sessão foi de quatro na semana 1, depois cinco na semana 2, e por fim seis na semana 3.
- O treino intermitente de endurance no qual os participantes pedalavam por cinco a seis minutos por vez de 100 a 110 porcento de sua potência média eram separados por oito minutos de recuperação ativa de 55 a 85 porcento de sua potência média.
Enquanto todos consumiam 500ml de bebida contendo proteína e carboidrato 30 minutos após a sessão de exercício, alguns recebiam apenas 25 gramas de uma bebida de éster de cetona imediatamente após o exercício, assim como 30 minutos antes de dormir.
Aqueles que não receberam o suplemento de éster de cetona beberam uma bebida controle que continha 16,4 gramas de triglicerídeos de cadeia média. Os pesquisadores usaram esta bebida como controle já que oferecia o mesmo valor calórico da bebida contendo cetona, e assim como a cetona, é uma fonte gordurosa de energia. Além disso, a textura, o gosto, e a aparência das duas bebidas eram similares.
Resultados? O grupo que bebeu o suplemento de éster de cetona foi capaz de ultrapassar a performance do grupo controle na terceira semana de treinamento em 15 porcento – especialmente no que se refere aos treinos de endurance prolongados.
Adicionalmente, o grupo que bebeu o suplemento notou uma ausência de sintomas fisiológicos que indicassem overtraining – por exemplo, eles tiveram uma frequência cardíaca de repouso consistente e reduzido nível do hormônio do estresse GDF15 (fator de diferenciação de crescimento 15).
E aqui está o porquê: De acordo com o estudo do coautor Peter Hespel, professor de fisiologia do exercício e nutrição esportiva da na KU Leuven na Bélgica, o consumo dos ésteres de cetona afetam o sistema nervoso autônomo, que controla funções como frequência cardíaca e reações ao estresse. Em termos leigos, as cetonas ajudaram a evitar os efeitos físicos do overtraining (que pode prejudicar o desempenho) mais do que realmente melhorar o desempenho.
Hespel chama atenção, portanto, para o fato de que apenas aqueles que treinam em níveis realmente altos de volume podem se beneficiar dos suplementos de ésteres de cetona.
“Eu não acredito que devamos promover o uso deste suplemento para estimular a recuperação em ciclistas amadores.” Disse Hespel para o site “Bicycling”. “Um argumento importante para este posicionamento é que a frequência e o volume de treinamento em atletas amadores são muito menores do que os observados neste estudo. Além disso, nosso estudo envolveu um programa de treinamento de 3 semanas de aumento de carga, e não temos ideia de quais seriam os efeitos em uma suplementação crônica.”
Ciclistas amadores, diz Hespel, não enfrentam a mesma quantidade de estresse em seus organismos que os atletas que treinam em volumes intensos – além disso, eles têm amplo tempo de recuperação, portanto não precisam da ajuda de um suplemento para isso. (Ao contrário de um atleta de elite que tem um calendário de treinamento apertado).
Assim, o benefício das cetonas nesse estudo foi que elas protegiam contra o efeito fisiológico do overtraining – que prejudica a performance. As cetonas, por si só, não farão sua performance melhor! Além disso, atletas amadores não perceberão diferença, até porque não estão realmente em overtraining, para começo de conversa.
Mas e se você realmente estiver em overtraining? Isso pode ser difícil de determinar, já que atletas amadores não têm a dosagem dos níveis de GDF15 à disposição como uma medida objetiva desse excesso de treino. Mas existem maneiras de se dizer se você está chegando a este nível.
“Se houver uma queda significativa da frequência cardíaca durante o treino acompanhada de um aumento no esforço percebido e na sequência uma percepção de queda na recuperação com fadiga persistente, queda na qualidade do sono, perda de entusiasmo e motivação para o treino, então é hora de urgentemente considerar um período de descanso”, explica Hespel. “Se todos esses sintomas são acompanhados de queda na performance em treinos e competições, então você definitivamente está no limite ou o já ultrapassou!
Se você acredita que pode se beneficiar do uso do suplemento de éster de cetona, converse primeiro com seu treinador e seu nutricionista. Isso porque é importante ser cuidadoso a respeito do tipo de suplemento de cetona que você usa, de acordo com Hespel. Já que muitos dos suplementos denominados “keto-suplementos” no mercado não contêm éster de cetona nenhum! E se contêm, não é o suficiente para se ter qualquer benefício de recuperação.
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Entre 2011 e 2018 fomos Ponto de Estágio Curricular para os alunos do último semestre do Curso de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB).
Por opção da 449 esse ciclo foi encerrado no 2º semestre de 2018.
O TECLA SAP foi uma Atividade de Estágio em que os estagiários traduziam uma reportagem sob a supervisão do nutricionista.
O objetivo era que os estagiários tivessem contato com assuntos em inglês da área de Nutrição Esportiva numa linguagem direcionada ao público em geral.
Realizamos essa Atividade durante 6 semestres (1º semestre de 2016 até o 2º semestre de 2018).
Devido ao feedback positivo dos TECLA SAPs , mantivemos a publicação após o término do Estágio.